Há muito se fala sobre a importância do desenvolvimento de nossas habilidades em lidar com nossas emoções, sabendo identifica-las, classifica-las e gerenciá-las. A esta competência dá-se o nome de Inteligência Emocional (IE). Seja para enfrentar nossos próprios desafios, tomar atitudes de mudança, criar soluções, inovar ou para nos relacionar com outras pessoas, a habilidade de gerenciar nossas emoções vem sido reconhecida como imprescindível.
Estatísticas mostram que uma pessoa com alto QI – coeficiente de Inteligência Analítico, pode ser contratado por uma empresa, mas se, ao longo de sua trajetória apresenta um baixo QE – coeficiente de Inteligência Emocional, acaba sendo facilmente demitido. A habilidade em lidar com as emoções tem se tornado cada vez mais importante em um cenário de menos atividades repetitivas e manuais, no qual os profissionais têm sido mais exigidos quanto à sua capacidade de criar, de resolver problemas complexos, de se conectar e se relacionar com outras pessoas para gerar valor superior aos valores gerados individualmente.
Em 2016, no World Economic Forum – Fórum Econômico Mundial, evento que reúne, anualmente, líderes empresariais, políticos, acadêmicos e jornalistas de todo o mundo para discutirem os desafios enfrentados hoje e que serão enfrentados futuramente no mundo, os especialistas listaram a Inteligência Emocional como sendo uma das 10 habilidades mais importantes para os profissionais de 2020. Na lista, a competência da Inteligência Emocional é classificada em 6º lugar no ranking de importância, ficando atrás de Resolução de Problemas, Pensamento Crítico, Criatividade, Gestão de Pessoas e Trabalho em Equipe. A lista ainda apresenta a Tomada de Decisão, Orientação para o Cliente, Negociação e Flexibilidade Cognitiva como as demais competências de maior relevância para o profissional do futuro.
Venho estudando o tema há algum tempo e observando o quanto a maturidade emocional faz diferença na conquista de propósitos e objetivos dos profissionais. Ao ver a lista do World Economic Forum me perguntei: “Será que um profissional com baixa maturidade emocional pode ser bem-sucedido na Resolução de Problemas, Pensamento Crítico, Criatividade, Gestão de Pessoas e Trabalho em Equipe? Principalmente saber lidar com as grandes mudanças e desafios que o mundo vem apresentando a nós seres humanos? ”.
Na minha visão a competência da Inteligência Emocional deveria encabeçar a lista.
Para minha surpresa encontrei uma reclassificação destas competências feita pela XIV conferência de Recursos Humanos de Portugal que colocou a Inteligência Emocional em primeiro lugar na lista – (Veja a figura acima!)
Reconhecida a importância e relevância desta competência tanto na vida pessoal quanto na vida profissional, fica a pergunta: Como desenvolver a Inteligência Emocional em indivíduos, equipes e organizações?
Em meus estudos e observações, tenho concluído que existem diversas formas de desenvolve-la, e todas elas passam por um processo de autoconhecimento, auto-observação e aplicação prática. Atividades em equipe, relações difíceis e conflituosas, dentre outras, exigem muito dos profissionais, mas a maturidade só vem se tais experiências são observadas com atenção, consciência e com o propósito de aprendizagem e evolução contínuo.
Uma forma bastante prática e efetiva na elevação da maturidade emocional reside na mudança consciente de modelos mentais. Não tenho dúvida de que a forma com que enxergamos o mundo e as pessoas à nossa volta é a que determina as reações que teremos frente aos estímulos que nos são apresentados.
Veja como exemplo as diversas reações que os profissionais, de forma geral, apresentam ao receber um novo desafio no trabalho, seja uma nova tarefa ou um novo problema que surgiu para ser resolvido.
Num primeiro grupo, poderíamos identificar alguns mais negativos e temperamentais que, em situações como estas, chegam a se irritar e retribuem com comentários impróprios e até agressivos. Uma das possíveis razões para este comportamento reside no fato de que estes profissionais podem, como modelo mental, encarar as organizações, os líderes e mesmo as situações adversas como exploradoras, que sugam sua energia, que só fazem para lhe prejudicar, ou mesmo que já têm trabalho demais, que não são pagos o suficiente para isso, ou até que são desfavorecidos frente aos demais e assim por diante.
Num segundo grupo, estariam outros mais neutros que podem não manifestar nada, mas internamente sentem um certo desconforto e insatisfação por terem sido tirados da zona de conforto. Um provável modelo mental deste grupo é o de que são pagos para seguir ordens, que são inferiores a seus chefes, que não podem mudar a situação, mas se sentem, de certa forma injustiçados e insatisfeitos com o que fazem.
Como um terceiro grupo poderíamos encontrar alguns poucos otimistas que percebem o novo desafio como uma nova oportunidade de aprendizagem e desenvolvimento, buscando fazer seu melhor para entregar os resultados. Estes profissionais provavelmente possuem, como modelo mental, um pensamento de que precisam ser desafiados para aprenderem e crescerem em suas carreiras, se sentem valorizados por lhes confiarem novas atribuições, têm o gosto por aprender e se relacionarem com pessoas e contextos diferentes.
É possível encontrar ainda um quarto grupo, já num outro extremo, composto por alguns competidores compulsivos que buscarão sair na frente só para mostrarem superioridade frente aos demais membros da equipe. Não é difícil identificar o modelo mental destes profissionais. Encaram a vida como uma grande competição e um grande jogo, no qual só há um vencedor e este precisa ser ele.
A regra de ouro no trabalho com as emoções está no equilíbrio e na ponderação. Os extremos quase nunca são benéficos, assim como a apatia total ou ausência de emoções não contribuem para a obtenção de resultados. Emoção é vida, é energia e faz parte da realização humana.
Se quer encarar novos desafios com maturidade emocional fica aqui a dica: encare tudo como uma grande oportunidade de aprendizagem e de crescimento pessoal e profissional. Aprenda a gostar das novas descobertas e se dedique para extrair e colocar o máximo de valor em cada experiência. Considere o aprendizado como algo que será incorporado a sua história e seu legado, como um patrimônio vitalício intelectual, emocional e até espiritual. Desta forma, mesmo que as coisas não saiam como você planejou ou os resultados não sejam os mais satisfatórios, não há como sair sem ter aprendido algo que te deixe melhor preparado para desafios futuros, em todas as situações você se sentirá realizado e grato pela oportunidade. As pessoas à sua volta perceberão esta maturidade em seu comportamento e fatalmente passarão a confiar mais em você.
Lembre-se, um profissional, assim como um bom atleta, precisa desenvolver suas habilidades pela prática e aperfeiçoamento constantes. Ao encarar todo desafio como mais uma oportunidade de aprendizado e crescimento, certamente seus comportamentos e atitudes demonstrarão cada dia mais maturidade e profissionalismo, que culminarão no rápido desenvolvimento de habilidades, que geram valor de verdade para você e para o mundo.
Nós da Quille nos preocupamos em despertar a consciência acerca dos aspectos que envolvem a identificação, seleção e gerenciamento das emoções em todos nossos cursos. Buscamos conceituar, significar e dar ferramentas simples e práticas que possam ser aplicadas juntamente com os conceitos trabalhados em cada tema, seja ele inovação, liderança ou gestão.
E você como tem buscado desenvolver sua Inteligência Emocional?
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